Fugir do caos urbano, viver com a natureza e a estética arquitetônica foram a proposta desta casa modernista construída em pleno Centro Cívico, na capital paranaense. A escolha do local deste escritório de arquitetura está relacionada com a proximidade dos principais prédios governamentais da capital. O bairro, inclusive, foi idealizado na década de 1940, culminando na implantação do Plano Agache, que concebia a área como o centro de comando e área de recepção da cidade. O skyline da Avenida Cândido de Abreu foi explorado no terceiro pavimento da edificação.
O estilo modernista da cidade, conceituado pelo próprio Le Corbusier, também está marcado nas características da casa, como por exemplo o uso de janelas fita, compostas por janelas altas que se conectam com o céu e janelas baixas para percepção do movimento dentro e fora da obra. Outro aspecto marcante é a planta livre, que na obra é vista na separação dos ambientes com a concentração de uma grande escada central e áreas de banheiros, onde não há necessidade de separação convencional de ambientes. Materiais puristas como o concreto armado aparente nas escadas, que na metade dos lances das escadas tem degraus são engastados e na outra parte fechados para garantir a privacidade. Paredes de vidro se estendem em toda a fachada dos três pavimentos.
Outra característica desta arquitetura é que a porta de entrada é composta por dois grandes painéis de ferro que se abrem para o exterior, permitindo a entrada do carro do cliente.
Para amenizar o contexto histórico e para agregar a natureza, o jardim foi incorporado no meio da edificação e, por isto, duas grandes portas pivotantes, de 4 metros de altura, se abrem para que não ocorra interferência entre o interno e externo. Outra área verde está localizada nos fundos da construção, onde se situa a área de cozinha. Quatro grandes folhas de vidro se abrem sobre ela, podendo usufruir deste balcão central tanto interno quanto externo.
Uma grande estrutura metálica inclinada foi adicionada a fachada para que a sala de reuniões do segundo pavimento frontal pudesse manter o olhar para o skyline, mesmo sentado à mesa e para garantir a privacidade foi criada uma brise em L que se articula nesta parede de vidro para momentos que se quer integração com a rua frontal. Neste caso, ela se abre e a transparência é total nesta área.
Além da escada interna, outra escada de acesso exclusivo para a sala de reuniões possui meio lance interno e o outro lance foi projetado para fora da fachada transparente, justamente para que ao ingressar neste ambiente seja possível aproveitar a vista externa histórica da cidade.
Esta obra se propõe a compor com a tipologia do local (termo que busca respeitar a linguagem arquitetônica) e criar um local de integração com o verde onde se encontra uma grande concentração urbana.
"Aprender a ver, que é fundamental, para um arquiteto e para todas as pessoas. Não só a olhar, mas a ver em profundidade, em detalhe, na globalidade. Os arquitetos não inventam nada, só transformam a realidade", Alvaro Siza (arquiteto).
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